Do meu fundo do poço – A depressão.

A doença do século. Eu tive a doença do século. Sim, tive. Ficou no passado, lá atrás; encaixado em dias tão longos que eu jamais desejaria voltar a vivê-los. Ela passou, mas as memórias ficaram. Ficaram para me relembrar que a vida é bonita e colorida nos seus mínimos detalhes – mesmo que nesse momento não pareça.

Dias horríveis. Intermináveis. Cheio de tristeza e dor; dor física, dor mental, dor espiritual. Estava numa roda gigante de desespero, hora estava lá no alto, carregado de medo e insegurança; outrora, lá em baixo, calma, com a minha esperança em que dias melhores viriam. Mas esses dias nunca chegavam. No meu desespero de alma eu esperava amargamente pelo fim. Eu sorria. Eu brincava. Eu era uma pessoa normal, mas, para mim, dormir e acordar eram tarefas árduas. A vontade era de dormir e não acordar mais; ansiedade, coração acelerado, pensamentos abarrotados de insignificância. Eu me sentia culpada. Culpada por não melhorar, culpada por me encontrar naquela situação; culpada pela dor. Sentir medo da morte e não querer enfrentar a vida. Correr num labirinto que não tinha saída.

Eu gostava de viver. Eu só não aguentava mais viver naquele vazio. Emagreci 8kg, passava dias deitada, não me cuidava. Todo meu apreço por mim mesma desaparecera junto à minha força de vontade; uma sensação de preguiça se misturava com pensamentos de “não vale a pena”. Não chegava ao fim. Baladas, bebidas, namorados, amigos… nada preenchia o meu vazio. Parecia até que Deus tinha esquecido quem eu era. Aliás, eu tinha esquecido quem eu era. O sorriso cativante deu lugar a um choro incontrolável; a paz tinha se perdido no meio do desejo de acabar com a minha vida para aliviar a dor. Eu não queria morrer, eu tinha medo, eu só queria dar fim àquele vazio contínuo e aquele silêncio de alma atormentador.

Chorar não aliviava. Palavras de “tudo vai ficar bem” não aliviavam. Estar rodeada de pessoas que me ouviam, mas sequer compreendiam a depressão, não aliviavam. Era como se eu corresse parada. Travada num mundo escuro e cinza. Onde tudo que me fizera feliz tinha perdido o sentido.

Mas eu não desisti. Mesmo que todos os dias houvesse em mim o desejo de me abster, corria por dentro a vontade de me levantar, de sorrir novamente. Eu precisava de ajuda. Eu procurei ajuda. Eu encontrei ajuda. Pessoas foram essenciais no meu (re)começo. Amor. Abraço. Toques de cura. Deus. Foram tudo o que eu precisei para me ver no espelho com outro olhar. Um olhar que ainda se amava. Um olhar que buscava no fundo dos meus olhos o sentido em reviver. E eu achei. Em livros, vídeos, conversas e orações, reencontrei a paz que se perdera pelas ruas onde passei; voltei a sorrir com a minha alma. Não foi uma tarefa fácil. Nunca será. Foram meses em busca de pequenas conquistas corriqueiras; e eu luto um pouco a cada dia. Luto contra minhas inseguranças, os meus medos, os meus receios, a minha inferioridade, mas eu também as venço diariamente. E você vencerá.

Busque por ajuda, fale, grite por socorro. Alguém, bem lá no fim do túnel, vai te ouvir.

 Entre em contato conosco! Seu ombro amigo está aqui.

 Beijos de luz e muita poesia.

 Thais Marques.

7 comentários em “Do meu fundo do poço – A depressão.

      1. Oii. Preciso de ajuda para poder ajudar. Tenho uma afilhada q passou por momentos traumatico e vivi uma depressao seria. E eu nao sei como ajudar. Me ajuda.

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  1. Eu já vivi isso, aliás seria estranho, em um mundo tão louco, em algum momento nos nos encontramos numa situação assim; eu vivi isso depois da separação, só que busquei fazer coisas, cursos, reformar a casa, projetos na Universidade, mas o que mais fiz foi focar nas crianças, coloquei nelas todas as minhas energias, minha atenção, não via nada mais a minha frente, queria tirar delas aquela dor que eu estava sentindo, aí descobri que poderia fazer algo pelos alunos, pois nesse interim dois dele cometeram suicídio, então comecei a sentir – me culpada, e pensei: eu tinha tudo, emprego, saúde, família, bens e queria desistir da vida, e aquelas crianças que longe de casa, das suas famílias, labutam para, pelo menos, terminar um curso o qual não lhes dar nenhuma garantia de um emprego, como não se sentem cotidianamente? Isso foi a forma como eu fui saindo dos meus problemas, observando os dos outros, só que quando achava que estava bem surge um outro problema na família, aí tudo foi por terra, quis sumir, morrer, desaparecer, mas comecei a observar outras pessoas, as quais pareciam tão bem, mas era apenas impressão, neste processo fiz amizades, trocávamos carinhos, cuidados, um cuidando do outro, pensando, permanentemente, como melhorar as condições dos amigos, e neste processo o fedeback ajuda, pois você vai percebando que muita coisa são erros de percepção, criação da sua cabeça, como o medo, a insegurança, a timidez, então o cuidar do outro te ergue e você sai do processo, mas não está curado, pois pode resultar em uma dependência e isto não é bom, já que nada nem ninguém nos garantem que estarão lá para sempre…o processo lento, acho que você vai saindo aos poucos à medida que o tempo vai passando e aquilo que te deixava triste, angustiado ja nao te mexe tanto, voce busca outros lacos, outras coisas, mas acho que é algo morfofisiologico, ou seja está em nossa genética, e são os gatilhos do meio os quais desencadeiam tudo, como o frustração, a solidão, o abandono, a baixa estima, assim, estreitar os laços, procurar pessoas, amIgos, familiares, projetos de vida, mas acima de tudo amar, incondicionalmente, amar por amar, sem querer troca, apenas querer o bem estar do outro, focar no outro, agora se isso tiver reciprocidade você encontrou a chave da felicidade, pois neste mundo caótico contar com alguém que fará tudo, ou quase tudo, por voce é um presente de Deus, seria ele te retribuindo pelas coisas boas que andastes fazendo, e isso é magnífico, pois viver só tem sentido quando a nossa consciência tá tranquila e nosso coração vive cheio de amor, o nosso sorriso largo, como nossos passos, sem medo de conhecer o mundo…!

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  2. De verdade, te daria um abraço nesse momento por essa matéria.
    De verdade, ajuda é necessária sim, gerações acham que é bobeira mas não sabem como é ruim lidar com seus próprios monstros.

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